HÉRNIAS

As Hérnias são das causas mais frequentes que motivam uma ida ao cirurgião. Se o termo “hérnia” é conhecido praticamente por toda a gente, não serão todos os que realmente sabem realmente do que se trata.

Vou tentar dar-vos uma explicação simples e clara: Imaginem um cartão ou uma tela em que contra uma das suas superfícies se enche um balão. Se nessa tela se abrir um orifício com um tamanho considerável, a pressão que o balão exerce, faz com que parte dele saia através desse orifício, sendo essa protusão mais ou menos volumosa conforme o ar que se insufla no balão.

Basicamente, é isso que acontece no nosso organismo quando surge uma hérnia. Na parede abdominal existe uma “tela” de suporte  que se chama aponevrose. Desde o nascimento e ao longo da vida que alguns pontos fracos dessa estrutura podem dar origem a orifícios por onde faz  protusão o “balão”, que em vez de ar contém as vísceras do abdómen.

Um dos exemplos mais frequentes desses pontos fracos é o umbigo, onde podem desenvolver-se as chamadas hérnias umbilicais, que muitas vezes são evidentes nas crianças. Assim poderemos, com alguma facilidade, deduzir que o aparecimento das hérnias depende basicamente de dois factores: fragilidade da parede e aumento de pressão dentro do abdómen.

A fragilidade da parede pode ser devida a menor resistência dos tecidos que a compõem, mas também poderá resultar de cicatrizes adquiridas em cirurgias anteriores. A maior pressão dentro do abdómen pode ser causada por inúmeros factores, tais como os grandes esforços, o aumento de gordura, a gravidez, e ainda doenças diversas que originam uma quantidade anormal de gás ou líquido intra abdominal.

Para além da região umbilical, os locais onde mais frequentemente se observam hérnias abdominais são as regiões inguinais – virilhas, e a linha média acima do umbigo que se chama linha branca. As que resultam de incisões de operações anteriores denominam-se incisionais.

As hérnias traduzem-se por abaulamentos bem circunscritos, de consistência geralmente mais mole que a parede abdominal, que aumentam com a posição de pé e com as manobras que aumentam a pressão dentro do abdómen, tal como a tosse ou as flexões. Reduzem ou desaparecem muitas vezes com a posição deitado ou exercendo pressão suave sobre ela.

Para além do aumento de volume gradual, com todo o incómodo daí resultante, as hérnias complicam-se com alguma frequência por aquilo que se conhece como estrangulamento, e que consiste na impossibilidade de a hérnia se reduzir, podendo em casos mais graves provocar a gangrena dos órgãos que constituem o seu conteúdo e implicar a necessidade uma cirurgia urgente.

Para um correcto diagnóstico, sempre que se suspeita da existência de uma hérnia, deverá ser um médico a fazê-lo não só para determinar a certeza da sua existência mas também porque poderá ser a expressão clínica de um problema mais grave. O tratamento das hérnias passa sempre pela cirurgia. É completamente errada a utilização de cintas e dispositivos que se aplicam contra o orifício herniário conhecidos por “fundas” no intuito de evitar o tratamento cirúrgico.

A cirurgia das hérnias tem vindo a ser cada vez menos traumática, e a utilização de redes de material apropriado veio tornar o tratamento cirúrgico mais eficaz e menos agressivo, sendo que muitas vezes pode ser efetuada em regime ambulatório. Tem dúvidas? Não hesite em colocá-las! Entre em contacto connosco.