CIRURGIA LAPAROSCÓPICA
A grande evolução científica e tecnológica observada nas duas últimas décadas do Séc. XX, trouxe a possibilidade de oferecer aos doentes a execução de atos cirúrgicos através de técnicas muito menos agressivas.
Dessa possibilidade resultam:
- Cicatrizes muito menores
- Menos dor no pós-operatório
- Menor incidência de infecções
- Diminuição de complicações nas cicatrizes operatórias
- Redução significativa do tempo de internamento
- Regresso mais rápido à actividade normal
Nasceu assim a designação de Cirurgia Pouco Invasiva ou Mini-invasiva.
Um dos exemplos mais expressivos, e que ilustra bem o conceito de “mini-invasivo” é a Cirurgia Laparoscópica.
Sob esta definição estão os procedimentos cirúrgicos no abdómen executados por videocirurgia.
A Cirurgia Laparoscópica, desenvolvida e generalizada a partir da década de 90 do Séc. XX, constituiu uma autêntica revolução equiparável a outras importantes descobertas consideradas marcos da história da Medicina.
Operações antes, apenas possíveis através de amplas incisões, ou seja muito invasivas, passaram a executar-se de forma menos agressiva, através de pequenos orifícios onde se introduzem uma câmara de vídeo e os instrumentos de trabalho.
Graças à evolução tecnológica, é hoje possível ter acesso a imagem 3D que melhora ainda mais definição das imagens obtidas, tornando a técnica cirúrgica ainda mais rigorosa.
Hoje em dia, a grande maioria das cirurgia abdominal são executadas por via laparoscópica.
CIRURGIA DA VESÍCULA
A Vesícula é um órgão que faz parte do aparelho digestivo, e tem como função armazenar a bílis e regular o seu fluxo para o intestino. Ao contrário do que se possa pensar, a bílis não é produzida na vesícula, mas sim nas células do fígado.
É depois conduzida por uma rede de pequenos canais que, cada vez mais largos que se juntam para formar o canal hepático direito e o esquerdo, que por sua vez se unem num canal hepático comum. Aqui a bílis inicia o seu trajecto fora do fígado com destino ao duodeno, zona inicial do intestino delgado, onde vai exercer a sua função que consiste em possibilitar a absorção das gorduras ingeridas.
Desse canal comum, forma-se um outro, chamado de canal cístico que termina na vesícula. Para melhor compreensão, reparem na imagem.*
O último segmento da via biliar, chamado canal colédoco, termina num orifício chamado papila, por onde a bílis é esvaziada para o duodeno. No intervalo entre as refeições, a vesícula enche-se de bílis e, graças à sua contração, este líquido é esvaziado durante as refeições indo assim cumprir o seu papel na digestão dos alimentos.
A vesícula pode ser sede de várias doenças, sendo a mais comum a que se denomina por litíase, que significa a presença de cálculos – (pedras) no seu interior. As causas desta doença são variadas, e dependendo dessa mesma causa o tipo de cálculos poderá variar. A existência de cálculos pode, por sua vez, motivar outras doenças como a infeção da vesícula, obstrução da circulação da bílis, inflamações agudas do pancreas ou mesmo, o aparecimento de tumores da vesícula biliar.
O tratamento passa sempre pela cirurgia e não existem medicamentos que façam desaparecer os cálculos. O tratamento das doenças da vesícula passa sempre pela sua completa remoção, e é errado pensar que os cálculos podem ser tratados com medicamentos.
A este procedimento cirúrgico dá-se o nome de colecistectomia, e quase na generalidade dos casos é efectuado por laparoscopia.
Consiste na introdução dentro da cavidade abdominal de uma óptica ligada a uma câmara de video que possibilita que instrumentos de trabalho também introduzidos posam ser manuseados pelo cirurgião que visualiza o ato cirúrgico num ecrã.
As complicações são raras, e já várias centenas de doentes por mim operados puderam beneficiar das vantagens desta abordagem cirúrgica.
APÊNDICE
De todas as urgências em cirurgia, a apendicite aguda é das mais comuns. Trata-se de uma infeção num pequeno órgão chamado apêndice ileo-cecal, que se localiza no início do intestino grosso, do lado direito do abdómen.
Os sintomas podem variar entre uma simples dor abdominal, até a um quadro relacionado com peritonite e infeção generalizada.
O diagnóstico desta doença pode ser fácil mas, nalguns casos, tornar-se um desafio para o cirurgião, obrigando à execução de vários exames auxiliares de diagnóstico.
O tratamento da apendicite aguda é sempre efectuado através da cirurgia.
O procedimento consiste em remover o apêndice, e actualmente é quase sempre efectuado por laparoscopia.
Para esclarecer alguma dúvida, contacte-me.
HÉRNIA DO HIATO
A Hérnia do Hiato corresponde à entrada de parte do estômago através do diafragma para a cavidade torácica.
O abdómen está separado do tórax por um músculo chamado diafragma que é atravessado pelo esófago, orifício este designado por hiato diafragmático.
Quanto maior for a hérnia, mais comuns são as queixas de “refluxo gastro-esofágico” isto é, uma sensação de azia no peito, por trás do esterno, acompanhada da sensação de presença de substâncias na garganta. A presença do ácido do estômago no esófago, pode causar lesões na sua parede.
A causa da hérnia do hiato é normalmente desconhecida. Pode tratar-se duma deficiência congénita ou ser consequência de um traumatismo torácico ou abdominal. Essa deficiência pode traduzir-se numa fraqueza do diafragma, ou na presença de um hiato demasiado largo que permite a passagem do estômago.
A hérnia do hiato é mais frequente em pessoas com mais de 60 anos e nos obesos. As queixas principais são: a azia e a sensação de subida de conteúdo ácido do estômago para a garganta. Uma hérnia de grandes dimensões pode causar dificuldade em engolir assim como, ser responsável por problemas respiratórios ou até cardíacos.
Por poder haver hemorragia, a hérnia do hiato pode ser uma causa de anemia.
Uma das complicações mais graves é o estrangulamento, que consiste na impossibilidade do estômago regressar ao abdómen por ficar preso no hiato, sendo nestes casos necessária cirurgia imediata.
Geralmente, os raios X revelam com clareza a presença duma hérnia do hiato, embora por vezes o médico tenha de pressionar o abdómen com força para que uma hérnia do hiato, por deslizamento, se torne bem evidente. Podem ser realizados estudos de imagem utilizando contraste, e a tomografia axial computorizada pode ser importante em casos mais urgentes. A endoscopia digestiva é sempre essencial no diagnóstico e estudo destas situações.
A maioria dos doentes é tratada apenas com medidas gerais: cuidados alimentares e medicamentos. A indicação para cirurgia é dada geralmente pela a presença de refluxo que não cede aos medicamentos ou pelos sintomas causados pelas hérnias de grandes dimensões.
O procedimento cirúrgico, antes muito invasivo e necessitando de enormes incisões no abdómen, é hoje efectuado por laparoscopia.
A tecnologia 3D, veio tornar este procedimento ainda mais seguro pela melhor visualização dos órgãos e tecidos.
CIRURGIA MINI-INVASIVA DO CÓLON E RECTO
O Cólon e o Recto são órgãos situados, respectivamente, no abdómen e na cavidade pélvica.
Entre outras funções, são responsáveis pelo processamento e expulsão dos detritos alimentares e outros produtos que, em conjunto, formam as fezes. Estes órgãos são sede de várias doenças de vários tipos, mas os tumores malignos constituem uma das mais frequentes afeções destes órgãos.
O adenocarcinoma do cólon e/ou do reto é um dos tipos de cancro mais comum nos homens (tal como o cancro da pele, próstata e pulmão) e nas mulheres (tal como o cancro da pele, pulmão e mama). Começa frequentemente num pólipo que é um crescimento anómalo de tecido no intestino, em que as alterações progressivas das células culminam com o aparecimento de um tumor maligno.
A prevenção, através do rastreio por pesquisa de sangue nas fezes e colonoscopia, possibilita minimizar, de forma muito importante, as graves consequências desta doença ao detectar e tratar lesões que ainda não são malignas.
Todos devemos estar alertados para alguns sinais que poderão apontar para a existência de um tumor colo-rectal:
- Alteração repentina dos hábitos intestinais
- Sensação de que o intestino não ficou totalmente vazio depois de evacuar
- Sangue nas fezes
- Fezes de consistência e calibre diferentes
Os tumores do cólon e recto são na grande maioria tratados através de cirurgia embora, no caso de serem malignos, possam ser necessários outros tipos de tratamento tais como a quimioterapia e a radioterapia.
Antes do aparecimento da cirurgia laparoscópica e de instrumentos cirúrgicos mais avançados, a cirurgia dos tumores colo-rectais era feita através de grandes incisões, sendo frequente, no caso dos tumores localizados no recto, a necessidade de colostomia definitiva – o intestino grosso terminando no abdómen sendo as fezes colectadas para uma bolsa aderente à pele.
Os grandes avanços tecnológicos permitem hoje operar a grande maioria destes casos por laparoscopia, sendo hoje possível melhorar ainda mais a qualidade da imagem com câmaras 3D. As técnicas mini-invasivas permitem um menor tempo de internamento e um precoce regresso à actividade normal.
Os instrumentos cirúrgicos tecnologicamente avançados, possibilitam por sua vez, uma cirurgia muito mais segura e com menos complicações, permitindo ainda reduzir drasticamente a percentagem de doentes a necessitar de colostomia definitiva.